Cultura oceânica propõe trabalho de educação e conscientização sobre o mar

Fonte: Jornal da USP

Alexander Turra, professor do Instituto Oceanográfico da USP, explica os sete princípios essenciais da chamada cultura oceânica, movimento que surgiu nos EUA como forma de disseminar cuidados com o oceano

O oceano tem a possibilidade de diversificar uma série de atividades – Foto: Pixabay

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Aconscientização da importância dos mares e oceanos merece e precisa de um trabalho constante. Mais de 70% da superfície do planeta é coberta por água. Apenas 3% correspondem à água doce e o restante, 97%, está nos mares e oceanos, ou seja, água salgada. Infelizmente é comum vermos acidentes que causam grandes estragos, além da ação do homem poluindo as águas. Um dos trabalhos que buscam disseminar esse cuidado é feito a partir da cultura oceânica. Originada nos Estados Unidos, ela é também conhecida como alfabetização oceânica, literacia oceânica e mentalidade marítima, como diz Alexander Turra, professor do Instituto Oceanográfico da USP e coordenador da Cátedra Unesco para a Sustentabilidade do Oceano.

Esse tema originou um movimento na virada do milênio e de forma muito abrangente vem preencher um espaço importante no mundo, trazendo reflexões sobre a importância do desenvolvimento sustentável do ambiente dentro desse contexto. “O oceano é parte desse entendimento e amparou na virada do milênio um movimento que pretendia entender quais eram as lacunas de conhecimento, os temas, os princípios, os conceitos que precisavam permear o ensino formal, para que a sociedade como um todo tivesse a oportunidade de conhecer a importância do oceano e também criar uma rede integrada de pessoas preocupadas, interessadas em promover uma mudança na condição que o oceano enfrentava, especialmente as tendências de degradação que a gente vivencia.” 

Cultura oceânica

Criado nos Estados Unidos, o movimento se expandiu pela Europa, Irlanda e veio para o Brasil e outros países, sendo facilitado pela Unesco – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. Procurando compreender o sistema que se deseja preservar e entender, os porquês dessa preservação e seu uso sustentável, a cultura oceânica conta com sete princípios essenciais. O primeiro é que a Terra tem um oceano global e muito diverso. O segundo diz que o oceano e a vida marinha têm uma forte ação na dinâmica da Terra. O terceiro, de que o oceano exerce uma influência importante no clima. O quarto, de que o oceano permite que a Terra seja habitável.  O quinto diz que o oceano suporta uma imensa diversidade de vida e ecossistemas. O sexto afirma que o oceano e a humanidade estão fortemente interligados dentro de um sistema socioecológico e, por último, que há muito por descobrir e explorar do oceano. 

Para conscientizar e promover a cultura oceânica, são necessárias ações e material que permitam aos educadores repassar essas informações, além de  outros conteúdos, como o Especial Oceano divulgado no Jornal da USP e na Rádio USP. O professor Turra lembra que “a base nacional curricular comum não traz uma ênfase ao oceano para que se tenha claramente os temas oceânicos sendo utilizados no currículo. É necessário gerar material que ampare os educadores, para que eles possam utilizar exemplos para trabalhar temas dos mais variados. A Cátedra Unesco para Sustentabilidade do Oceano oferece a Oceanoteca. O podcast Conservação em Prosa, feito em conjunto com a conservação florestal, permite acesso às pesquisas que são feitas nas unidades de conservação marinhas e costeiras do Estado de São Paulo para os educadores trabalharem as temáticas em suas aulas.

Na Rádio USP e no Jornal da USP há o Especial Oceano, em que é trabalhado o jornalismo científico e a divulgação científica, além de trazer diferentes temas que são descobertos e debatidos para a sociedade em geral”. Segundo o professor, o oceano tem uma possibilidade de diversificar uma série de atividades, incluindo as energias limpas e renováveis com base em ondas, vento, maré, gradientes de temperatura e salinidade, que equivalem à fronteira a ser desbravada para se transitar da energia baseada em combustíveis fósseis para uma mais limpa e renovável. 

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