Três mulheres e um desafio: agir pela proteção do oceano sob a ótica feminina

Fonte: Jornal da USP

Grupo mobiliza mulheres para atuar no enfrentamento da poluição, aquecimento das águas e superexploração de recursos marinhos

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Elas estão presentes em 20 Estados do Brasil e em 16 países. São profissionais de diferentes áreas e setores, mas com um ideal em comum: potencializar ações e ideias pela proteção do oceano sob o olhar feminino. A mobilização do grupo começou há mais de um ano a partir da iniciativa de três amigas: a fotógrafa Barbara Veiga, a pesquisadora da USP Leandra Gonçalves e a jornalista ambiental Paulina Chamorro. Hoje, já são 404 mulheres que formam a Liga das Mulheres pelo Oceano. 

O nascimento da liga veio do desejo de reunir mulheres apaixonadas pelo mar e unidas em comunicar e agir contra o aquecimento do oceano e as consequências das mudanças climáticas; a superexploração dos recursos marinhos em uma quantidade maior do que a necessária para sua recuperação, o que leva à perda de biodiversidade; e a poluição das águas, principalmente por falta de saneamento e por disseminação de lixo plástico. 

“Nós precisávamos mostrar que tinha chegado a hora de as mulheres serem protagonistas nesse movimento”, diz a bióloga Leandra Gonçalves, pesquisadora no Instituto de Oceanografia (IO) da USP. Em 2018, ela, Bárbara e Paulina reuniram cerca de 30 mulheres envolvidas com o oceano para conversar sobre a criação da liga. Todas já haviam vivenciado casos de machismo no trabalho, principalmente em razão de a área oceanográfica ser bastante masculina. “Passamos por situações constrangedoras de assédio sexual ou moral, então queríamos criar esse movimento no intuito de nos protegermos e também darmos voz a diferentes mulheres que atuam com o mar”, explica a pesquisadora da USP. 

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Durante a pandemia, estudos já demonstram que o lixo plástico cresceu
enormemente com a questão do isolamento social porque as pessoas
estão solicitando mais serviços de entrega e usando mais produtos descartáveis,
além do descarte de máscaras e luvas
-- Foto: Reprodução/Instagram Liga das Mulheres pelo Oceano

O grupo procura comunicar a importância do oceano em seu site, no qual se produz conteúdo, e gerar crescimento da rede, convidando mais mulheres. “A liga também é um espaço de troca e segurança, de fortalecimento como grupo. Temos que considerar também o crescimento e a estruturação da rede”, comenta Leandra.

Um estudo divulgado no Fórum Econômico Mundial de Davos projetou que, até 2050, o oceano terá mais plástico do que peixes. É para evitar previsões como essa que o grupo atua.

Elas se  mobilizaram diante do vazamento de óleo ocorrido no final do ano passado no Nordeste brasileiro, a partir de uma campanha digital. O grupo apoiou ainda a Frente Parlamentar Ambientalista do Congresso Nacional para discutir a possibilidade de uma lei para o mar.  Além da comunicação sobre o oceano e o engajamento de mulheres em ações práticas para a preservação ambiental, o grupo  trabalha a interface entre ciência, comunicação e políticas públicas.

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Para assistir videos da campanhas da liga das mulheres pelo oceano nas redes sociais clique aqui

Década da Oceanografia: como a Liga pode contribuir?

Em 2021 se inicia a Década Internacional da Oceanografia para o Desenvolvimento Sustentável, que irá durar até 2030. A iniciativa declarada pela Organização das Nações Unidas (ONU) visa ampliar a cooperação internacional em pesquisa, a fim de promover a preservação dos oceanos e a gestão dos recursos naturais das zonas costeiras. As atividades serão lideradas pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

Leandra destaca sua contribuição a partir de sua pesquisa interdisciplinar. “Essa década não pode considerar apenas o olhar da oceanografia, mas também de uma ciência que contemple os sistemas naturais e sociais, para podermos construir um conhecimento robusto para o futuro dos oceanos.”

A pesquisadora também ressalta que as ações da liga colaboram com a construção da cultura oceânica, ou seja, levar o conhecimento sobre o mar para toda a sociedade, tanto para quem depende do mar e vive próximo a ele quanto para quem está longe, mas precisa entender a importância do oceano. Com a informação gerada pelo grupo é possível gerar a mobilização social na área das políticas públicas.

Como participar do grupo?

Para participar da Liga das Mulheres pelo Oceano é preciso preencher o formulário disponível no site. “O pré-requisito é ter alguma relação com o mar e amá-lo, além de estar disposta a se juntar a um movimento que busque transformar nossa relação com o mar, procurando mais cuidado e proteção”, lembra Leandra.

Para saber mais, acesse:

Site: https://www.mulherespelosoceanos.com.br
Instagram: https://www.instagram.com/ligadasmulherespelooceano/

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