IX. O krill da Antártida como fonte de alimento humano

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Há bastante tempo nações como o Japão, Noruega, Rússia, Polônia, Chile, entre outras, demonstram grande interesse na pesca comercial do krill. Os grandes cardumes e as possibilidades de comercialização são tentadoras. Entretanto, a pesca do krill nunca foi muito maior do que 500 mil toneladas anuais, apesar de que alguns pesquisadores acreditam que a pesca de 5 milhões de toneladas anuais seria possível sem prejudicar os estoques. Atualmente, a pesca varia entre 100 mil a 200 mil toneladas anuais, apenas.


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Figura 1 - Capturas globais anuais de Euphausia superba (Krill Antártico) em milhares de toneladas (fonte: FAO).


Há vários problemas que as empresas de pesca enfrentam para tornar a pesca do krill da Antártida estável. Em primeiro lugar, o Oceano Austral é de acesso relativamente difícil, fica parte do ano coberto de gelo, é tormentoso e isolado. Estações de apoio à pesca em terra teriam que ser aprovadas internacionalmente e são de difícil manutenção. Nesse sentido, a logística das operações de pesca é muito dispendiosa e o produto deve ter um preço que possa superar esses entraves. Além disso, as redes para a pesca comercial de krill devem ser de grandes dimensões com malha fina, devido ao tamanho reduzido dos indivíduos, o que aumenta o arraste, limita a velocidade dos barcos e aumenta o custo de combustível. Como o krill é um animal delicado, seu armazenamento durante a viagem de pesca é difícil, pois ele tende a esmagar. O período de armazenamento do krill antes do processamento não pode ser muito longo pois ele tende a estragar, mesmo em temperaturas baixas, devido à atividade proteolítica de suas enzimas. Além disso, para que possa ser consumido em alta quantidade, o krill precisa ser descascado, devido à elevada quantidade de flúor em sua carapaça, superior ao recomendável para o consumo humano. Tecnologia para resolver esses problemas já existe e novas soluções estão sendo estudadas. No Japão, por exemplo, já são praticadas coletas de krill com bombas de sucção em vez de redes, utilizando-se pequenas embarcações. Há, também, diversos tipos de máquinas que foram desenvolvidas para descascar o krill a bordo e processos para armazená-lo de forma mais adequada.

Há outro problema na pesca do krill que preocupa não os comerciantes, mas os cientistas e ambientalistas. Se a pesca realmente aumentar muito, serão necessários estudos cuidadosos e constantes para acompanhar os impactos sobre as populações e sobre os animais antárticos que dependem do krill para sobreviver. Por outro lado, as mudanças globais do clima, caso se confirmem e continuem no ritmo em que estão acontecendo, podem afetar as populações do krill de forma difícil de prever.

Leituras sugeridas

Food and Agriculture Organization of the United Nations - http://www.fao.org/fishery/species/3393/en

ADELUNG, D.; BUCHHOLZ, F.; CULIK, B. & KECK, A. (1987): Fluoride in tissues of krill Euphausia superba Dana and Meganyctiphanes norvegica M. Sars in relation to the moult cycle. Polar Biology, 7 , pp. 43-50.

TOU, J.C; JACZYNSKI J.; CHEN, Y.C. (2007): Krill for human consumption: nutritional value and potential health benefits. Nutrition Reviews 65(2), pp. 63-77.

 

Autores: Arthur José da Silva Rocha; Maria José de A. C. R. Passos; Gabriel Monteiro; Prof. Dr. Phan Van Ngan
Coordenador: Prof. Dr. Vicente Gomes

 

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