Os recifes de corais são ambientes marinhos costeiros que apresentam um dos maiores indices de biodiversidade do planeta. Tais ambientes são conspícuos pois a sua produção e manutenção de carbono está atrelada às zooxantelas. As zoxantelas são dinoflagelados fotossintéticos que se encontram em associação endossimbiótica obrigatória com diversos grupos, principalmente corais. No entanto, os recifes de corais são ambientes relativamente frágeis e sofrem com as atuais condições climáticas adversas, cujos principais efeitos são o acréscimo da temperatura e a acidificação da água. Tais efeitos interrompem a relação simbiótica, acarretando na morte dos hospedeiros das zooxantelas em um evento chamado de “branqueamento de recifes de corais”.
Embora a comunidade científica já possua uma boa quantidade de conhecimento sobre essa simbiose, a maioria destas informação estão relacionados à fase adulta do hospedeiro. Poucas informações estão disponíveis sobre esta relação simbiótica enquanto os hospedeiros ainda estão em sua fase larval, um momento crítico para a dispersão e recrutamento das populações.
Desde 2012 está em vigor o projeto ReSimbio, cujo objetivo é compreender a relação simbiótica entre diferentes clados de zooxantelas e larvas de Anthozoa (corais), Bivalvia (vieiras gigantes) e Gastropoda (lesmas-do-mar). Todos esses hospedeiros apresentam fases larvais que adquirem as zooxantelas simbiontes antes de se tornarem adultos. O projeto possui três objetivos principais e três objetivos de caráter periférico:
Objetivos principais:
- Determinar o momento do estabelecimento da simbiose entre zooxantelas e as larvas dos hospedeiros, através de técnicas de biologia molecular e expressão gênica.
- Verificar o conteúdo de ácidos graxos translocados de simbionte para a larva hospedeira, através de técnicas de química analítica e cromatografia.
- Testar a tolerância ao estresse ácido; larvas contendo zooxantelas serão introduzidas a um meio acidificado e a perda dos simbiontes será monitorada.
Objetivos periféricos:
- Mapear a estrutura de genes específicos da simbiose expressos pelas zooxantelas.
- A criação de métodos práticos para o cultivo de lesmas-do-mar simbióticas.
- Verificar o conteúdo de ácidos graxos produzidos por zooxantelas em diferentes tecidos de bivalves zooxantelados.
Um total de 13 pesquisadores está envolvido no projeto liderado pelo Prof. Paulo Sumida e pelo aluno de doutorado Miguel Mies, incluindo seis do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (IO-USP), dois do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (IB-USP), dois do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (IQ-USP) e três da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e do Projeto Coral Vivo.